Albas e Albinas  

Posted by Mariana G. De Nadai in

Acho muito estranho o emprego do termo "albina" para representar variedades de flores em alguns indivíduos que expressam características de genes recessivos na pigmentação de suas flores na espécie.

Albinismo em botânica refere-se à ausência de pigmentação verde, ausência de clorofila, nas células das plantas.

É um tanto paradoxal a denominação dada pelos "estudiosos" e "entendidos" nos assuntos orquidófilos, referindo-se "albinas" às flores justamente por serem verdes, como é o caso das C. leopoldii, C. guttata ou a C. bicolor, nas suas formas de pigmentação recessivas, por exemplo, e não marrons, com ou sem pintas nestes casos, nas suas referidas coloração tipo.

A seguir uma foto de flores de uma Cohniella jonesiana (ex. Oncidium jonesianum) tipo, consultem o Orchidstudium quanto à estas alterações de nomenclatura.


Agora abaixo, uma variação recessiva de flores da espécie, notem que ao invés das pintas nas flores serem marrons como na primeira, nesta as pintas são esverdeadas, justamente pela carga genética desta planta não permitir a síntese de pigmentos marrons nas flores, cabendo aos cloroplastos, "emprestarem" sua cor verde à estas pintas.

É bem possível que exista algum exemplar desta espécie com pigmentação mais recessiva ainda, ou seja, com flores sem as pintas verdes, só com o fundo amarelado.

Por desconhecimento de um termo melhor prefiro tratar esta planta ainda como Cohniella jonesiana alba (ou Oncidium jonesianum alba), embora a mesma não seja toda branca.












Na seqüência, fotos de frascos com algumas plantas obtidas pela-fecundação da planta acima (seedlings do cruzamento self dela), notem alguns protocórmios bem amarelados, ou desclorifilados (não sei se realmente este termo existe).




Estas duas fotos abaixo, dois ângulos diferentes do mesmo frasco após o repique (transferência de um frasco para outro), uma planta verdadeiramente albina dentre as demais.













Transferi a plantinha albina da foto acima para o frasco novo unicamente com o objetivo de tirar esta foto contrastante, embora, por se tratar de cruzamento, exista a possibilidade de algumas plantas manifestarem deficiência do micronutriente ferro em um meio nutritivo no qual suas irmãs não manifestariam.

Deficiência que acarreta em um sintoma semelhante a este, amarelecimento (clorose) a partir das partes novas da planta, até a deficiência se tornar mais aguda e o sintoma expandir para as partes mais velhas talvez, é difícil acompanhar uma plantinha em específica dentre as demais no frasco, por isso não soube se ela sempre foi amarelada assim ou passou a ser com o tempo.

Salve a diversidade genética dos cruzamentos, tem permitido a sobrevivência das espécies desde que as formas mais complexas de vida surgiram no planeta.

A seguir fotos de dois diferentes grupos de plantas, à esquerda uma hemi-parasita, conhecida popularmente como erva-de-passarinho (Struthanthus sp.), e à direita uma parasita verdadeira, popularmente conhecida como cipó-chumbo, parasitando um arbusto de hibisco.












O que difere uma planta parasita das hemi-parasitas é justamente o fato da primeira não possuir clorofila, ser albina, por conseguinte não realiza fotossíntese, necessitando então dos carboidratos oriundos da planta vítima, neste caso o hibisco. Além de água e sais minerais.

A hemi-parasita não é albina e faz fotossíntese, e absorve água e sais minerais da planta na qual está fixada.

Orquídeas epífitas albinas sobreviveriam na natureza somente por meio de complexa interação com fungos micorrízicos que fornecem carbono às mesmas, uma vez que suas raízes não possuem as adaptações morfológicas que as parasitas possuem, os apressórios, para sugarem os carboidratos da árvore suporte (termo correto forófita).

Sobrevivem facilmente em ambiente in vitro pelo fato do meio nutritivo conter carboidratos disponíveis à nutrição da mesma.

É fato que a grande maioria das denominações para as variedades de orquídeas se devam unicamente à pigmentação de suas flores, mas chamar uma flor verde logo de albina me parece um tanto quanto contraditório.

Aí se alguém me perguntasse se eu quero uma C. guttata albina, eu diria: "depende, o que é albina pra você?".

Fonte: mvlocatelli.blogspot.com

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