Cultivando Consciência  

Posted by Mariana G. De Nadai

Cultivar espécies ou híbridos? O velho tema volta à tona e a resposta pode ser mais usual: ambos. O orquidófilo busca beleza, raridade, não importa se híbrido ou espécie.
Mas outra busca deve ser feita para que, não tenhamos de conviver apenas com foografias e lembranças de algumas plantas. Devemos buscar a consciência. A orquidofilia está deixando lacunas, que devem ser supridas com urgência, para o bem da natureza e para nós mesmos.
O que é mais fácil de ser encontrado para nossas coleções? Uma Cattleya guttata ou uma Blc. Alma Kee?? Uma Laelia tenebrosa ou uma BLc. Oconee 'Mendenhall' ? Certamente, a maior facilidade será a de encontrarmos os híbridos.
Alegando difícil comercialização e manutenção, os estabelecimentos reduzem a multiplicação de espécies em detrimento dos híbridos; mais comerciais, vistosos e de crescimento acelerado. Ora, os comerciantes não podem ser os culpados nesse processo, eles precisam vender aquilo que há maior demanda. Mas, por outro lado, quantas espécies ainda estão quase intocadas tratando-se de hibridizações? Quantos potenciais ainda não tiveram chance de serem descobertos, graças a grande produção de híbridos complexos?
Não estariam as espécies sendo gradativamente perdidas nas prateleiras secundárias dos orquidários? Pude observar lotes inteiros de uma espécie de Cattleyas destruidos pela podridão negra, no fundo de orquidários. Ao mesmo tempo, caminhões de híbridos eram carregados, para a venda e exposições.
Coincidência ou descaso? Seja como for, ali estava o fim de um grupo de Cattleyas; espécies que já emprestaram seus genes para tantos cruzamentos modernos e extremamente comerciais e que agora são consumidas pelo esquecimento ou descuido.
Fico imaginando o que será desta e de outras espécies depois de alguns (não muitos) anos... Precisamos de leis mais dignas e maior preocupação em cumpri-las. Populações inteiras de orquídeas sçao totalmente dizimadas sob a ganância de loteamentos, minerações e outros atos irresponsáveis, garantidos pelos orgãos oficialmente ditos competentes.
Devemos disseminar essa idéia: preservar o que é nosso. Cabe a nós, orquidófilos ou amantes da natureza conscientes, fazer com que essas leis sejam mudadas e cumpridas e conservar o que é um patrimonio da humanidade.
Espécie ou híbrido, o cuidado deve ser o mesmo. Mas aquelas que são, foram e serão os geradores de híbridos infindos, deviam receber mais consciência de preservação; seja pelo governo, pelos orquidários comerciais ou por aqueles que se comprometem a cuidar de uma simples mudinha que, um dia, poderá vir a ser a última da espécie.
A última moda em orquidofilia hoje é a consciência. Mais do que híbridos premiados, valores galopantes de mercado, orgulhos de colecionador, a luta para preservar faz de nós, vigilantes do mundo.

Texto de Alexandre Marinho
Revista Como cultivar orquídeas Abril 2003.

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